Apesar dos estudos que descredibilizam a utilização de biocombustíveis de primeira geração, o Governo português é acusado pelos ambientalistas de se opôr a uma nova directiva europeia que tenta reduzir o seu uso.
“O Conselho de Ministros de Ambiente da União Europeia está
nesta quinta-feira a debater uma nova directiva que pretende reduzir o uso de
biocombustíveis de primeira geração, baixando a percentagem destes no total de
combustíveis utilizados pelos condutores de 10 para 5%. Tudo porque esta
alternativa pode ter um importante contributo para as alterações climáticas.
Mas o governo português está contra, acusa a Liga para a Protecção da Natureza.
O ministério diz que os combustíveis de segunda geração ainda estão longe.
Neste
momento, de acordo com a directiva das Energias Renováveis, cerca de 10% dos
combustíveis usados na frota europeia são biocombustíveis. A nova directiva
tenciona mudar este número para 5%. Segundo a Comissão, isto impulsionará o
desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geração – biocombustíveis que são
feitos à base de desperdícios ou palha em vez de produtos alimentares como
colza ou millho.
De acordo com estudos
feitos sobre esta alternativa aos combustíveis fósseis, os biocombustíveis
tradicionais chegam a produzir mais gases com efeitos de estufa do que a
gasolina ou o gasóleo. Isto acontece porque os biocombustíveis requerem muita
energia para serem produzidos. Para além disso, ao utilizarem culturas
alimentares para serem feitos, obrigam a mudanças no uso do solo, o que liberta
mais gases nefastos para o ambiente.
Por estas razões, a
Comissão tenciona limitar a criação de biocombustíveis tradicionais, dando
ênfase à investigação sobre os biocombustíveis de segunda geração.
Contudo, de acordo com
um comunicado da Liga Para a Protecção da Natureza, o governo português tem-se
oposto à nova directiva – “os ministros da Energia reuniram-se no passado dia
22 de Fevereiro e a posição do Governo Português consistiu na rejeição dos
factos científicos e a insistência numa tecnologia que mais emissões de carbono
do que os próprios combustíveis fósseis”. Juntamente com o Governo Português,
Espanha, Itália e Grécia também rejeitam a posição da ComissãQuanto às razões que
levaram o Governo a se opor à nova directiva, a Liga Para a Protecção da
Natureza explicita, “estes governos que se opõem às restrições aos
biocombustíveis utilizam a desculpa do desconhecimento dos estudos e falta de
certezas dos mesmos, mas foi a própria Comissão Europeia que avançou com as
propostas com base nos estudos que confirmam o carácter destrutivo das práticas
que têm produzido os biocombustíveis”.
Já o ministério
defende-se, afirmando que "uma das preocupações de Portugal decorre do
facto de os biocombustíveis avançados se encontrarem ainda em fase de
demonstração tecnológica e, como tal, longe de atingirem a maturidade comercial
necessária para se tornarem competitivos face aos biocombustíveis
convencionais".”
In: Jornal Público, 21/03/2013 - http://www.publico.pt/economia/noticia/governo-rejeitara-nova-directiva-europeia-sobre-os-biocombustiveis-1588585
Catarina Baltazar, 19544
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