Crise ou consciência ecológica?
A compra de roupa em segunda mão tem vindo a aumentar nos últimos anos, essencialmente entre os jovens, devido à crise e à consciência ecológica, afirmaram à agência Lusa representantes de lojas e especialista de moda.
Os clientes são atraídos, em grande parte, pelos preços baixos, constataram estes profissionais.
André Figueiral, representante da loja Associação Humana, que vende roupa doada, cujos lucros revertem a favor dos países carenciados ajudados por aquela organização, afirmou que «é a crise que leva as pessoas a comprar roupa em segunda mão».
Há um incremento de clientes, mas não de vendas, que se traduz em «mais clientes a gastarem menos», observou André Figueiral, em declarações à Lusa.
Contudo, segundo a consultora de imagem e criadora do blogue Mini-Saia, Mónica Lice, «não é só o poupar dinheiro, mas também o facto de não ter que se produzir mais e mais coisas», levando a um aumento da consciência ecológica no mundo da moda, um dos setores mais poluentes.
Exemplo disso é a política «Lixo 0» adotada pela loja Humana, em que tudo é reciclado.
Com esta medida, «conseguimos que um produto, que à partida seria lixo, seja 100% recuperado», seja através da venda, da doação ou da reciclagem de têxteis danificados a serem posteriormente reutilizados, salientou André Figueiral.
As mentalidades também mudaram no que toca à forma como é vista a comercialização de roupa usada.
No início do LX Market, um mercado com o conceito a que Teresa Lacerda, representante de comunicação e marketing, chama «a segunda mão de primeira», havia «muito mais o juízo de valor», porque se pensava que «ir para o mercado para vender era ser, obrigatoriamente, feirante».
No entanto, agora as pessoas «acham interessante a ideia de vender neste mercado», porque «um dia são vendedores e, no outro, compradores».
Além disso, o público atual é um público informado e que «conhece outros mercados lá fora, sabe o que quer e os preços que procura», explicou Teresa Lacerda.
André Figueiral confirmou à Lusa esta realidade e sublinhou que alguns dos clientes são «as pessoas que moraram fora do país».
A utilização de roupa em segunda mão também está ligada à tendência vintage.
Carla Belchior, da loja «A Outra face da lua», dedicada a este estilo de moda, que assenta na recuperação de peças antigas, referiu que esta é uma «tendência internacional e está a crescer», o que «tem mesmo a ver com posturas do século XXI».
A representante da marca, que já conta com quatro lojas em Lisboa, julga que são também os jovens que aderem mais ao «vintage», já que «uma pessoa de 30 e tal anos está familiarizada com roupa dos anos 80 e 90» e «para os jovens será tudo mais ou menos novo».
Enraizada em cidades como Londres e Tóquio, esta «é uma tendência que também veio para ficar em Portugal», assegurou a consultora de imagem Mónica Lice.
«Sobretudo nas camadas mais jovens, já se está a criar uma maior sensibilização para a comercialização de roupa em segunda mão», constatou a blogger, referindo que a tendência «vintage» também pode ser uma alternativa para quem procura um estilo único.
A utilização de roupa e acessórios antigos, que tenham pelo menos 20 a 25 anos de idade, «é uma das formas de nos demarcarmos» em termos de individualização, conta a Lusa.
Fonte : http://www.tvi24.iol.pt/503/sociedade/roupa-em-segunda-mao-vendas-segunda-mao--tvi24/1438903-4071.html
Patrícia Domingos 19800
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