sexta-feira, 19 de abril de 2013

Desaceleração do aquecimento global intriga cientistas



Cientistas estão com dificuldades para explicar uma desaceleração do aquecimento global que expôs lacunas no seu conhecimento, e procuram entender as causas para determinar se esse alívio será breve ou se o fenómeno é duradouro.
A maioria dos modelos climáticos, geralmente focados em tendências que duram séculos, foi incapaz de prever que a elevação das temperaturas iria desacelerar a partir do ano 2000, aproximadamente.
Isso é crucial para o planeamento a curto e médio prazo de governos e empresas em sectores tão díspares como energia, construção, agricultura e seguros. Muitos cientistas prevêem um novo aumento do aquecimento nos próximos anos.
Uma das teorias para explicar essa pausa diz que os oceanos teriam absorvido mais calor pelo facto de a sua superfície ficar mais fria do que se esperava. Outras especulam que a poluição industrial da Ásia ou nuvens estariam a bloquear o calor do sol, ou então que os gases com efeito de estufa retêm menos calor do que se acreditava.
A mudança pode também decorrer de um declínio já observado na presença de vapor de água (que absorve calor) na alta atmosfera, por razões desconhecidas. Os cientistas dizem que pode estar a ocorrer uma combinação de vários factores, ou variações naturais ainda desconhecidas.
O fraco crescimento económico mundial e a redução na tendência de aquecimento global estão a afectar a disposição dos governos para fazerem uma rápida transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis, o que exige milhares de milhões de dólares. Quase 200 governos já concordaram em definir até 2015 um plano para combater o aquecimento global.
«O sistema climático não é tão simples quanto as pessoas acham», disse o estatístico dinamarquês Bjon Lomborg, autor do livro «O Ambientalista Céptico». Ele estima que um aquecimento moderado seria benéfico para as culturas e para a saúde humana.
O químico sueco Svante Arrhenius mostrou pela primeira vez na década de 1890 como as emissões de dióxido de carbono a partir do carvão, por exemplo, prendem o calor na atmosfera. Muitos dos efeitos exactos ainda são desconhecidos.
As emissões de gases do efeito estufa atingiram níveis recordes repetidamente com um crescimento anual de cerca de 3 por cento na maior parte da década até 2010, em parte alimentada por aumentos na China e na Índia. Emissões mundiais foram 75 por cento maiores em 2010 do que em 1970, segundo dados da ONU.
Um rápido aumento das temperaturas globais nos anos 1980 e 1990 - quando as leis de ar limpo em países desenvolvidos reduziram a poluição e deixaram o sol mais forte na superfície da Terra - serviu como um argumento convincente de que as emissões de gases com efeito de estufa eram culpadas pelo aquecimento.
O painel de especialistas sobre clima da ONU (IPCC) vai procurar explicar a pausa actual no aquecimento num relatório que será divulgado em três partes a partir do final de 2013, com o objectivo de servir como um argumento científico principal para os governos na mudança de combustíveis fósseis para as energias renováveis, como a energia solar ou eólica.
Patrícia Domingos 19800

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